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quinta-feira, 9 de abril de 2009

PEDRÃO DE JABUCA : O CARA!






PEDRÃO É UM BROTHER DAS ANTIGAS. UM CARA QUE SEMPRE SEM MOSTROU AMIGO E COMPANHEIRO NOS SHOS E BALADAS. QUEM DIRIA QUE AQUELE MALUCO IRIA FAZER PÓS-DOUTORADO.... FRUTO DO METAL DE PRIMEIRA QUALIDADE. CONHEÇAM UM POUCO DESSE GRANDE CARA!
Inicialmente pediríamos que você fizesse uma apresentação do PEDRÃO para a galera.

Tenho 38 anos escuto metal e rock’n’roll há pelo menos 25 anos. Curto metal, escalada em rocha, literatura e tatuagem. Tenho uma filha maravilhosa chamada Isabela que tem 16 anos, mora em Maceió mas sempre vem visitar seu pai. Sou formado em Zootecnia, fiz pós-graduação em Zoologia, atualmente trabalho com ecologia de sistemas aquáticos e acabei meu Pós-doutorado agora em Março. Morei em Jaboticabal (SP) até me mudar para Rio Claro (SP) em 1998 onde fiz a pós-graduação. Depois de 8 anos mudei para Cachoeiras de Macacu (RJ) onde moro numa reserva ecológica com minha namorada há três anos. Apesar da distância apareço com certa freqüência em Jaboticabal para infernizar meus amigos e curtir um som, como sempre.


Explique como você entrou para o universo do Rock e quais foram as primeiras bandas que fizeram sua cabeça?
Comecei muito cedo com Beatles, influência de meu tio Flávio. Cheguei a ter uns vinis, respeito o trabalho e tudo, mas depois de algum tempo troquei esses vinis na base do dois para um por Sabbath, Rush, Motorhead e coisas afins. Na verdade os primeiros sons em que fiquei fissurado foram Led Zepellin, Black Sabbath, Nazareth (escutar Rock’n’roll, Sympton of the universe e Razamanaz aos 11 anos é um perigo!) e outras que não me lembro. Escutava essas músicas de uma fita cassete BASF que o primo do Fafa tinha gravado para ele. Escutei demais essa fita. Tinha também o irmão mais velho de um amigo nosso que tinha uma porção de vinil de rock’n’roll de Made in Brasil até Allman Bros. e Sabbath. Depois de alguns anos também tinha o Loyola que era nosso oráculo do rock’n’roll e até hoje sabe muito e é fissurado em música. Daí para a frente foi conhecer cada vez mais bandas e pessoas que as curtiam e deu no que deu. Um fato marcante foi quando fui, sozinho, num show do Santuário em Piracicaba que rolou num clube perto da casa de meu avô. Isso foi em 1984, foi meu primeiro show e fiquei extasiado, meu pescoço doeu por uns dois dias. Fui na Woodstock pela primeira vez quando não era no endereço atual, lá comprei em vinil o 1º do Raven e o Maniac do Acid da Bélgica, que hoje estão com o Boi. Em 86 teve o show do Venom, Exciter e Vulcano que foi um verdadeiro marco, chegamos ao portão às 11:00 da manhã

Para você o que é ser um roqueiro underground?

P: Independência de pensamento e atitude, escolher meus próprios caminhos e escutar muita música feita por pessoas que gostam de fazer música por amor à música.




Quais características dos anos 80 desapareceram do movimento underground e que hoje fazem falta?

P: Na verdade não sou um saudosista típico. Curto me lembrar das baladas, viagens e tretas em geral daquela época, mas não acho que perdemos muita coisa, além de uma meia dúzia de neurônios. Antigamente só tinha vinil e eram caros. O catálogo de discos lançados no Brasil era paupérrimo e os LP’s importados eram muito caros.
No meu caso particularmente não fui mais a shows desde meados de 90 até hoje. Não sei se o fato de mudar de Jaboticabal teve a ver, mas pode ser. Meus amigos continuam na fúria indo a quase todos os shows que rolam por aqui.


Nós participamos de vários shows e baladas nos anos 80, dos realizados no TEATRO DOM PEDRO em Jaboticabal, qual permanece vivo em sua memória? Nos conte detalhes que sua mente preserva desses eventos.

P: No Dom Pedro quem tocou aquela vez foi o Viking, Sons of War, alguém de Araraquara? Nem me lembro direito. Bons foram os shows do Dorsal e do Executer. (OU SEJA SONS OF WAR, VIKING E CIA ERAM UMA MERDA KAKAKAKAKA) Foi incrível, Dorsal Atlântica em Jaboticabal, foi meio que o auge da organização de shows pela galera. Uma vez teve até um show do Cólera no campo de futebol, em cima de um caminhão e a gente lá, agitando e tomando todas.
Na verdade, íamos a shows em várias cidades, lembra do show Genocídio, numa escola em Bebedouro? Vi Sepultura e Dorsal atlântica no Noise pub em Americana, um lugar realmente underground, as bandas no início. Foram dois shws, Dorsal tocou com Necromancia e o Sepultura eu não me lembro. Vimos Bestial war em Franca numa escola, dentro de uma classe. Teve até um show em Campinas que não rolou, assim como um RDP e Kreator em Sampa certa vez. Os que eu mais gostei de maneira geral foram Nuclear assault e Sepultura e Napalm death e Sepultura, ambos no Dama Shock, como esse lugar era bom para show, mosh rolava desenfreado. Rolaram vários outros, mas eu precisaria de uma hipnose ou coisa parecida para me lembrar de todos.



Um dos melhores shows realizados em Jabuca foi o NUCLEAR THRASH FESTIVAL. Você seria capaz de fazer uma recuperação histórica do que foi esse evento? Informar as bandas que rolaram, os bastidores etc.?

P: Bastidores do Nuclear thrash? Aí já é pedir demais. Tinha bastidores naquele muquifo? (Pedrão, talvez você não saiba, mas o Monstro quase não canta por que estava transando no banheiro com uma mina de Bebedouro rsrsrs) De maneira geral os bastidores tinham cerveja. (e aditivos mil kákáká) E um bando de loucos esperando para tocar. Tocaram Viking, Blasphemer, Sons of War... Foi uma loucura geral com direito a destruição generalizada na pizzaria que era dos pais do Fafa. Depois do show o pessoal das bandas foi para a pizzaria, cortesia dos pais de nosso grande amigo. Mas a coisa ficou incontrolável, os garçons eram literalmente atacados e tinham que jogar as pizzas de longe para a galera, era sábado, dia de movimento. Nunca mais ofereceram pizzas para a gente, saudades do 80’s.


Uma vez nos trombamos num show do KREATOR em Sampa, difícil saber quem estava em condições (rsrsrrs). O que essa banda representou em sua opinião para a galera metal oitentista?

P: Nos encontramos no show do Kreator em Sampa, no Aeroanta, em 1992. Lembro de você e do grande e saudoso Amauri, Urubóia. Conheço a bando desde os tempos em que se chamava Tormentor. Tinha a demo –tape e quando saiu o Endless pain nacional foi inacreditável, comprei na hora na Woodstock. Naquela época conhecíamos poucas bandas extremas como era o Kreator. O Endless Pain é mais agressivo que Venom e de certa maneira mais cru e tão rápido quanto os primeiros trabalhos do Slayer. Certamente foi uma banda muito importante e o show foi sensacional, o lugar era pequeno e vi os caras muito de perto.



E a galera de Jabuca, nos conte como vocês formaram a turma, quem da época ainda está presente nos movimentos e como é sua relação com eles uma vez que você está morando no Estado do Rio de Janeiro?

Atualmente apesar de estar no Rio meu contato com os amigos é o melhor possível. Cruzo mais alguns, outros menos tipo P: No início, início mesmo éramos eu e o Fafa que curtíamos som. Lembra que falei acima de uma tal fita cassete BASF? Haviam outras pessoas, caras mais velhos geralmente, que escutavam som mas não tinham, vamos dizer, atitude. Nós extraíamos o que precisávamos, ou seja bandas e sons novos, e continuávamos em nosso caminho. Com o tempo conheci o Boi (Lara), tucano (Marcelo), sapinho (Mauro) além do Danilo e do inesquecível Nilton, o monstro. Acredito que essas pessoas formaram o núcleo básico de nossas baladas no metal. O Loyola era mais velho que a gente e um pouco mais civilizado por isso não o considerei nesse grupinho, mas ele estava sempre na área. Outros que participaram foram o Pacheco (ex-Viking,guitarrista do Mother Zombie) e o Richard, que foi o primeiro baterista do Viking, além do Rogério “Django”, Flávio Grégio entre outros.o tucano que está isolado em Bertioga e só aparece na noite de natal.

Como você foi parar no Rio de Janeiro?

P: Terminei meu doutorado em Rio Claro, estava trabalhando num ramo fora da minha formação, para garantir alguma grana. Minha namorada viria para o Rio para fazer o doutorado dela. Só que não era para o Rio, capital, era para morar numa reserva de mata atlântica perto da Serra dos Órgãos. Depois de pensar durante 5 segundos resolvi largar meu emprego e mudar para a “roça”. Estamos aqui há 3 anos e por enquanto vamos ficando.

Você tem contato com a galera que curte som ai no Rio de Janeiro ou está afastado do movimento?

P: Com internet, apesar de não a ter em casa, é difícil ficar isolado da galera. E como disse vou para Jaboticabal com certa freqüência. Em relação ao movimento em si acho que tem a ver com sua pergunta sobre o que falta hoje que rolava nos 80’s. Como não vou mais a shows não cruzo a galera de outras cidades como nossos amigos de Araraquara, Ribeirão Preto, Monte Alto e Bebedouro. E isso para falar a verdade faz falta, pois aquelas baladas quando íamos a shows, toda a galera reunida, era bom demais. Uma vez fomos de trem para Americana, passamos em Araraquara, entrou uma galera de lá e fomos curtindo. Tomando cerveja no vagão restaurante e fazendo a digestão no último vagão, contemplando a paisagem, Crazy train




Voltando no tempo, indique um disco dos anos 80 que você gostaria de ver postado no ATITUDE e faça um breve comentário sobre o que esse disco significou para você ok.

P: Do início da década de 80 pode postar o “Made in Japan” do Iron maiden, edição japonesa, que ao invés das 5 músicas da edição nacional tem 21 músicas, acho que é quase o show inteiro. Acho que qualquer um que escutou Iron algum dia vai entender o pedido. Pode postar também o Voi Vod “War and Pain”. Lembro de um Rock Brigade de 1984 quando saiu o comentário sobre esse disco. Na hora mandei vir uma fita cassete. Sim, eles pirateavam discos. Depois comprei o vinil importado que tenho até hoje e escuto direto, o MP3 é claro. Para mim é um dos melhores discos da década e de todos os tempos.

link para Voi Vod War and Pain : http://www.4shared.com/file/84481115/dbe7c98/Voivod_-_War_and_Pain.html (Grato Rogério Old School Bangers March)

link para Iron Maiden - Live in japan com Bônus: http://www.megaupload.com/?d=24YH18F3

(grato miguelito)



Se pudesse criar uma banda utópica, qual seria a sua formação?

P: Não acredito em coisas utópicas. Muito menos bandas. Gosto muito do saudoso Jesse Pintado (guitarrista, Napalm death, Terrorizer, Lockup); entre os clássicos Dave lombardo ou Mick Harris na batera, se bem que o Brann Daylor do Mastodon é inacreditável. Vocal mais é difícil. Não vamos falar de King Diamond. Gosto do Phill Anselmo no Superjoint ritual e Down; Jamey Jasta do Hatebreed está arrasando em seu projeto Kingdom of sorrow e o Matt Pike no último do High on fire. Gosto muito do vocal rasgado do Mille do Kreator. Entre os mais extremos gosto do Chris Barnes do Six feet under e do George Fisher do Cannibal corpse. E não dá para esquecer o saudoso Chuck Schuldiner do Death, vocal magnífico.


Você tem passado algumas vezes pelos blogs da equipe ATITUDE, qual sua opinião sobre nosso trabalho?

P: Quando tenho acesso a internet costumo entrar no Ganjacore, no Old school bangers, no Classic extreme metal e no ATITUDE, entre outros de fora. Acho que o trabalho de vcs é ótimo não somente por disponibilizar discos, mas por manter e incentivar a troca de idéias, reunir velhos amigos e se divertir de maneira geral.


E o Heavy metal Asilo? Fiquei sabendo que iremos contar com sua presença. O que achou da idéia?

P: Achei a idéia sensacional.Tem que rolar todo ano. Vou comparecer.

Essa é uma grande notícia, vamos tomar todas!!!!!

Pedrão, se todo mundo que falou que irá comparecer honrar a palavra será um show memorável, se não na qualidade, pelo menos no reencontro da galera.
Estamos tentando localizar o Monstro... queremos gravar um cd do SONS OF WAR e precisariamos dele como vocal. se tiver notícias me avise ok.


Qual sua opinião a respeito da divulgação de cultura livre divulgada pelos blogs?

P: O que você chama de cultura livre? Vejo de duas maneiras, tem o lance do download e tem a troca de idéias e de material livre. Por um lado não sou músico, não sou dono de gravadora e por isso fica fácil para eu achar que baixar música de graça é normal. E de fato baixo muita música, mas não comercializo, não vendo cd’s piratas no Catete para ganhar uma grana. O tiro pode sair pela culatra, veja no GANJACORE a entrevista com o dono da Cogumelo Records. Acho que essa discussão vai dar muito pano para a manga ainda, sinceramente não sei o que pode acontecer.
Em relação a cultura geral acho que faz algum tempo que as idéias são trocadas livremente. Estou falando de uma época após o fim da ditadura é claro. Como nasci em 1970 não tive experiências próprias sobre esse período da história. De maneira geral, sinto que com o fim da censura as idéias têm circulado livremente. O que mudou foi a popularização da internet que está acelerando incrivelmente a troca de idéias e disseminação de movimentos culturais alternativos ou não, grandes e pequenos, ao redor do mundo todo.



Uma coisa que me surpreendeu ao montar o blog foi o reencontro com a galera da região, é incrível como o metal foi capaz de preservar tantas amizades. Como você vê essa possibilidade gerada pela Net?

P: Como disse acho que com a internet e os blogs nosso poder de comunicação e organização está muito maior. De fato o Metal forma e preserva muitas amizades, haja visto nosso caso, quantos anos se passaram? A internet me possibilita até deixar uns recadinhos nos blogs de vez em quando, para vocês não se esquecerem da minha existência. Eu ainda não pensei em fazer um blog ou algo do tipo. No entanto sempre que posso colaboro com o GANJACORE levando alguns sons ou traduzindo algum texto. Na década de 80 tínhamos um zine o “Death force”, durou alguns anos e chegamos a reunir um bom acervo de demo-tapes nacionais. Era tudo na base do Xerox e máquina de escrever. Hoje em dia com os recursos tecnológicos disponíveis as maneiras de interação entre as pessoas aumentaram muito, em quantidade e qualidade. O problema é acabar a energia.



E política? O Pedrão é envolvido com partidos ou projetos supra-partidários?

P: Não. Vejo a política com muita reserva. Se você quiser uma referência acho que posso citar o anarquismo individualista, bem individualista. Não acho que é questão de montar um partido e tentar colocar pessoas dentro daquela latrina que se convencionou a chamar de congresso. Acredito na mudança que parte do indivíduo. Você faz diferença se não joga lixo no quintal do vizinho, no rio; se você não prejudica seu colega para obter alguma vantagem; se você não é um consumista desenfreado, e olha de maneira crítica como um monte de porcarias é empurrado goela abaixo do povo por todos os meios possíveis.

Agora uma pergunta que faço a todos os entrevistados e que até agora não chegamos a nenhuma conclusão: DEUS SALVA E O ROCK ALIVIA?

P: O rock alivia, salva, diverte, inspira, consola, estimula, enlouquece e desperta. Não acredito em deus.



Que conselhos você daria para a nova geração poder manter a chama do metal acesa?

P: Continuem criando música, indo a shows, criando blogs e usando todo o potencial de comunicação que nosso tempo oferece para fazerem coisas legais para vocês mesmos e consequentemente para outras pessoas que têm afinidades com você. E acima de tudo continuem se divertindo muito, pois a música existe para celebrarmos.

Finalizando Pedrão, digo que será um prazer poder estar novamente na companhia da Galera. Dia 21 de Abril será um momento muito especial para todos os que amam o metal e que permanecem na ativa. Deixe uma frase para a galera que resuma quem é o PEDRÃO.

P: Acho que deu para dar uma idéia pelas frases acima. Mas valeu e grande abraço para todos.
VALEU PEDRÃO!

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