O Grand Funk Railroad nasceu em 1964, na cidade de Flint, Michigan, USA, quando quatro amigos se juntaram para formar uma banda. Seu nome original era Jazzmasters e não tocavam jazz como o nome sugere, "mestres do Jazz", mas faziam um rock'n roll tão alto quanto seus amplificadores podiam suportar. Era formado por: Mark Farner, guitarra e vocal; Don Brewer, bateria e vocal; Craig Frost, órgão e piano e Don Lester baixo elétrico.
Tocavam em clubes e escolas da cidade, até que em 1967, Terry Knight, um rapaz de 20 anos, um ano mais velho do que os músicos do "Jazzmasters", assistiu a apresentação daquela noite. Knight era mais maduro e ambicioso, um visionário, já teve seu próprio programa na rádio local, tinha trabalhado em uma emissora em Detroit e nesta noite de 67 ele, desempregado, estava decidido a se tornar vocalista de uma banda de rock. Da reunião entre Terry Knight X Jazzmasters, nasceu o "Terry Knight & The Pack".
"The Pack" era a união dos esforçados rapazes do "Jazzmasters" com as propostas do ex disk-jockey Terry Knight. Knight fez grandes planos com Mark Farner e o restante do grupo, mas só conseguiu um tímido contrato de gravação para a etiqueta "Cameo/Parkway", do serviço local, embora já tivessem lançado artistas de peso como Chubby Cheker e Dee Dee Sharp, entre outros. Na visão de Knight, o som do grupo seguia aproximadamente o estilo dos "Rolling Stones", embora sóbrios e fez sucesso na região chegando a cidade de Detroit, que tem certa tradição em rock.
No início de 68 o "Pack" e Knight se separam e seguem cada um, seu próprio caminho. O "Pack" ,retorna aos shows em clubes, boates e colégios e Knight tenta uma carreira solo como cantor romântico, estilo Donovan, mas nenhum deles decolou. Pack e Knight se reencontram no final de 68 e na versão de Knight, foi Don Brewer que escreveu para ele em Detroit, solicitando novamente a sua ajuda porque os rapazes do "Pack" estariam passando fome, quase a ponto do grupo se dissolver, aliás já tinham perdido dois dos seus integrantes. Mas o grupo diz em sua versão que Knight, após perceber que não levava jeito mesmo como cantor, tentou arrumar emprego em rádios e gravadoras e como não conseguiu, voltou a procurar o pessoal do "Pack" em Cape Cod. É provável que as duas versões sejam a expressão da verdade, pois nesta altura, do "Pack" havia sobrado apenas Mark Farner e Don Brewer e enquanto este procurava um novo baixista, Knight corria para tentar um novo e salvador contrato para o grupo.
Desta vez foram bem sucedidos, o baixista era um antigo amigo de Don, Mel Schacher, ex integrante de uma banda chamada "Question Mark & The Misterins", que fez sucesso com "96 Tears", e o contrato foi com a gravadora Capitol, por apenas seis meses. O grupo agora é um trio e tinha novo nome, Grand Funk Railroad, inspirada na estrada de ferro Grand Trunk Western, da cidade de Flint. Há quem diga que o contrato se deveu as estratégias de Knight, que envolveram a influência de conhecidos seus, como a modelo Twiggy e o seu namorado Justin de Villeneuve, junto aos executivos da Gravadora Apple. Embora a versão oficial do grupo é que tudo se deu a partir de uma revisão de posição da Capitol, que resolvera dar uma segunda chance aos ex integrantes antigo "Pack", que já havia gravado lá e não fora bem sucedido. Com novo nome, Grand Funk Railroad e com Terry Knight empresariando, conseguiram este novo contrato e Terry desistiu de ser cantor, mas tornou-se o empresário e produtor do grupo a partir de 1969, um bom ano para os novos grupos de rock.
Dois fatores foram claramente favoráveis ao sucesso do Grand Funk Railroad, são eles sua participação no Festival de Altamont e, em termos de mercado musical, a separação dos Beatles, que acabou gerando novas oportunidades nas gravadoras que estavam sequiosas em investir nas bandas promissoras, pois haviam testemunhado níveis nunca antes alcançados de lucratividade, com os Beatles. Quanto aos Stones, em contraposição aos Beatles, e que também estiveram no festival de Altamont, tiveram sua credibilidade bastante arranhada, na época, com os incidentes durante o seu show, que deixaram Mick Jagger sem ação diante de milhares de pessoas, impotente diante da violência que resultou em morte e envolveu a gangue de motociclistas dos "Hells Angels". Um jovem drogado havia derrubado a motocicleta Harley Davidson de um dos integrantes da gangue e acabou morto por isto, enquanto Mick Jagger se furtava de acalmar os ânimos exaltados.
Neste clima, os jovens já não acreditavam mais nem no governo, nem em seu país, nem nos líderes dos Estabilishment, cheios de dúvidas, medos e incertezas, como a guerra do Vietnan, que se prolongava e roubava cada vez mais vidas dos adolescentes convocados para lutar no conflito. Foi neste ambiente onde floresceu a contra-cultura que o "Grand Funk" pode tornar-se, com suas letras contestadoras, pacifistas e seu rock ao mesmo tempo rebelde, inovador, harmônico e agressivo para a época, uma fonte de identificação para aquela multidão de jovens desalentados.
Terry Knight, com sua visão política e abrangente dos fatos, providenciou para que Mark, Dom e Mel, estivessem no lugar certo, na hora certa, tocando e declarando o que deles os jovens esperavam, uma saída, um questionamento, uma luz de rebeldia, contra o matadouro do rebanho conformado, que era a guerra combinada a corrupção política. Foram feitas duas apresentações em lugares pequenos, para que Terry Knight pudesse afinar o som do grupo, acertar corretamente o tom da apresentação e então a partir daí, criou todo um estilo, na nova atitude de palco do grupo, agora também com novos e potentes amplificadores de qualidade. Desta forma o Grand Funk fez sua estréia oficial, em 4 de julho de 1969, no Atlanta Pop Festival, tocando para 180 mil pessoas, de graça, de favor, mas se destacaram e culminaram por roubar o show de grupos participantes mais conhecidos. Da noite para o dia se tornaram os preferidos da nova geração, os campeões americanos do rock pesado da época.
A crítica, conservadora, é unânime em massacrar o Grand Funk Railroad, "sua música nem chega perto da perfeição de sua imagem", disse Michael Oldfield, da Melody Maker. "Todos são ruins demais, mas o pior de todos é Don Brewer, cuja técnica de bateria é simplesmente pavorosa". Mas era moda estraçalhar os pretendentes a grandes bandas e sob a orientação de Terry Knight o Grand Funk vai assimilando as críticas, se aperfeiçoando dia a dia e se torna realmente um fenômeno de vendas e público, a revelia da crítica, acostumada a baladas bem comportadas.
Da estréia do Grand Funk, em 69, eles só conhecem o sucesso avassalador e críticas cada vez mais ferozes. Não se importam pois sob a orientação de Terry Knight, evitam contato com a imprensa, comprando a briga, fazem declarações como esta, "Os jovens nos aclamaram, mas os críticos nos detestam, afinal, quem não entende de rock são os críticos, eles odeiam o Grand Funk porque criamos algo novo na cultura e somos apenas, três rostos anônimos, iguais a tantos outros nesta multidão revolucionária de jovens.", Tom Brewer chegou a declarar que "Nosso sucesso aconteceu tão rápido, que os críticos nos sentiram empurrados por suas goelas e sabemos que seu maior orgulho e desejo é serem considerados justamente por descobrir e predizer novos talentos para o público, jamais o contrário..."
Por cima das pichações da crítica e cercados por uma barreira de som, pesada como concreto, o "Grand Funk" foi batendo todos os records, com discos de ouro e de platina a cada LP de vinil lançado. Em 71, conquistam seu troféu mais precioso, batem os "Beatles", vendendo a lotação completa do Shea Stadium de New York (12 mil lugares) em apenas 72 horas. Mel Schacher, em contraponto a fase psicodélica dos Beatles, na oportunidade diz, "Somos radicalmente contra todas as drogas e eu sei que muita gente pensa que só tocamos se as usarmos, mas a única coisa que usamos é a nossa própria energia e a vibração de estar no palco diante de tantas pessoas, por isso não queremos nem precisamos de mais nada além de nossa própria adrenalina."
Em 1971, o "Grand Funk" de Knight chega ao seu auge, seus rostos estão pintados num gigantesco out-door sobre a Times Square, as rádios ainda não tocam seus discos e os jornais os ignoram, no entanto, continuam vendendo discos e lotando todos os shows nos estádios. Já no início de 1972, Knight descobre que John Eastman, advogado e cunhado de Paul McCartney era o novo administrador da conta do trio e que a sua sociedade com a banda Grand Funk Railroad Enterprises, fora dissolvida por seus abusos nas finanças do grupo tres meses antes de findar o seu contrato.
Dois anos depois, Mark Farmer comentaria: "Ele sempre foi nosso líder, e estivemos sob as suas asas de proteção, mas ele também nos traiu nas finanças e por culpa dele mesmo a fonte secou, o Grand Funk não está mais com Terry Knight, então, convide-o para o palco e veja o que ele faz e depois ponha a gente no mesmo palco e veja o que realizaremos." Batalhas legais se arrastaram por mais de dois anos, enquanto o mundo do rock aguardava ansioso, todos se perguntavam se o "Grand Funk" sobreviveria só com sua música, alijados do cérebro de Terry Knight.
O primeiro álbum sem a direção de Terry Knight se chama, a propósito, Phoenix, o pássaro que renasce das cinzas e é um disco com uma queda para o instrumental, com a novidade da volta de um velho integrante dos tempos do "Pack" nos teclados, Craig Frost. "Phoenix" não foi o album para cima, que nossos fãs esperavam, mas foi exatamente como nos sentiamos na época, abalados com os acontecimentos. Quando "Phoenix" saiu, muitos de nossos fãs devem até ter se assustado", disse Don Brewer. "Não era exatamente o som do "Grand Funk" ao qual todos estavam acostumados, mas era ainda mais sofisticado e mais instrumental. Ficamos muito ansiosos em saber como nossos fãs o aceitariam." Mas a leal geração de fãs do Grand Funk estranhou de início, mas acabou por ficar com eles e o album Phoenix demorou um pouco mais que os outros, mas também ganhou igualmente o seu disco de ouro. Era muito avançado para a época.
É com o próximo LP, We're An American Band, produzido por Tod Rundgreen e com um tino mais para o pop e para o comercial, especialmente elaborado para tocar em todas as rádios, que eles finalmente obtém a aceitação de todos os públicos, com boa aceitação da crítica, afinal, retrocedem uma década fazendo um rock mais simplório e abandonando o rumo de evolução do seu estilo pesado e instrumental original idealizado por Terry Knight, juntamente a contra-cultura que já dava seus sinais de cansaço com o início da afetada era "Disco" e então entram em sua curva de decadência como grupo de rock.
Mark, Don e Mel desenvolveram sua música com a experiência e visão de Terry Knight, mas logo depois aprenderiam que um grupo para permanecer, tem que manter seu estilo e personalidade marcantes, trajetória exigida para um grupo consagrar-se um clássico. Com Terry adquiriram estes traços tornando-se os heróis da contra-cultura dos anos 70. E sem ele, passaram a apregoar ingenuamente: "Nós somos uma banda Americana", tal qual Elvis Presley quando deixa seu espírito rebelde ser domado pelo seu empresário, Coronel Tom Parker e pela ideologia do exército americano. Apesar disso, entram de cabeça no ramo mais organizado do show business e fazem sua excursão mais bem produzida, com filmes em retroprojeção, canhões de luz, spot-lights compondo a bandeira Americana, chuvas de chapéus do tio Sam, puxando o saco como para compensar os anos rebeldes. Nas letras burguesas e vendidas e ainda fora delas, nas entrevistas, eles louvam o sabor rascante do bourbom, o whisque americano.
Mais comerciais e mais americanos, não são mais os jovens contestadores, nem muito menos "Três rostos anônimos na multidão", mas agora estrelas do ramo do show business americano e com seu novo empresário, Andy Cavaliere, a estrada de ferro "Grand Funk" volta a seus trilhos de ouro e platina, agora com milhões de dólares e de público, seus críticos, ainda menos jovens e tanto mais conservadores, agora aplaudem esta fase do grupo e passam a apreciar sua habilidade com o balanço do velho rock, que ainda conseguem.
Segundo a Melody Maker, Terry Knight teria comentado, no fim das batalhas judiciais, que acabaram empatadas para cada lado, condenados a pagar multas equivalentes um ao outro, "Eles foram tolos! Poderiam ter sido clássicos, eternos, como o estilo de Elvis, antes do coronel Tom Parker, mas não quiseram, cismaram em ser sérios e importantes homens de negócio, transformando a banda numa empresa, ao invés de serem apenas artistas e músicos e aperfeiçoar seu trabalho, por isso puseram tudo que tinhamos a perder." Religioso, o novo líder do "Grand Funk", Mark Farner, o fazendeiro rock, agora com cabelos curtinhos, estilo anos 50, rebate, " A nossa base é a fé, nos acreditamos em Deus, que nos sustentou esse tempo todo, e onde nos vamos sempre nos apoiar."
Tocavam em clubes e escolas da cidade, até que em 1967, Terry Knight, um rapaz de 20 anos, um ano mais velho do que os músicos do "Jazzmasters", assistiu a apresentação daquela noite. Knight era mais maduro e ambicioso, um visionário, já teve seu próprio programa na rádio local, tinha trabalhado em uma emissora em Detroit e nesta noite de 67 ele, desempregado, estava decidido a se tornar vocalista de uma banda de rock. Da reunião entre Terry Knight X Jazzmasters, nasceu o "Terry Knight & The Pack".
"The Pack" era a união dos esforçados rapazes do "Jazzmasters" com as propostas do ex disk-jockey Terry Knight. Knight fez grandes planos com Mark Farner e o restante do grupo, mas só conseguiu um tímido contrato de gravação para a etiqueta "Cameo/Parkway", do serviço local, embora já tivessem lançado artistas de peso como Chubby Cheker e Dee Dee Sharp, entre outros. Na visão de Knight, o som do grupo seguia aproximadamente o estilo dos "Rolling Stones", embora sóbrios e fez sucesso na região chegando a cidade de Detroit, que tem certa tradição em rock.
No início de 68 o "Pack" e Knight se separam e seguem cada um, seu próprio caminho. O "Pack" ,retorna aos shows em clubes, boates e colégios e Knight tenta uma carreira solo como cantor romântico, estilo Donovan, mas nenhum deles decolou. Pack e Knight se reencontram no final de 68 e na versão de Knight, foi Don Brewer que escreveu para ele em Detroit, solicitando novamente a sua ajuda porque os rapazes do "Pack" estariam passando fome, quase a ponto do grupo se dissolver, aliás já tinham perdido dois dos seus integrantes. Mas o grupo diz em sua versão que Knight, após perceber que não levava jeito mesmo como cantor, tentou arrumar emprego em rádios e gravadoras e como não conseguiu, voltou a procurar o pessoal do "Pack" em Cape Cod. É provável que as duas versões sejam a expressão da verdade, pois nesta altura, do "Pack" havia sobrado apenas Mark Farner e Don Brewer e enquanto este procurava um novo baixista, Knight corria para tentar um novo e salvador contrato para o grupo.
Desta vez foram bem sucedidos, o baixista era um antigo amigo de Don, Mel Schacher, ex integrante de uma banda chamada "Question Mark & The Misterins", que fez sucesso com "96 Tears", e o contrato foi com a gravadora Capitol, por apenas seis meses. O grupo agora é um trio e tinha novo nome, Grand Funk Railroad, inspirada na estrada de ferro Grand Trunk Western, da cidade de Flint. Há quem diga que o contrato se deveu as estratégias de Knight, que envolveram a influência de conhecidos seus, como a modelo Twiggy e o seu namorado Justin de Villeneuve, junto aos executivos da Gravadora Apple. Embora a versão oficial do grupo é que tudo se deu a partir de uma revisão de posição da Capitol, que resolvera dar uma segunda chance aos ex integrantes antigo "Pack", que já havia gravado lá e não fora bem sucedido. Com novo nome, Grand Funk Railroad e com Terry Knight empresariando, conseguiram este novo contrato e Terry desistiu de ser cantor, mas tornou-se o empresário e produtor do grupo a partir de 1969, um bom ano para os novos grupos de rock.
Dois fatores foram claramente favoráveis ao sucesso do Grand Funk Railroad, são eles sua participação no Festival de Altamont e, em termos de mercado musical, a separação dos Beatles, que acabou gerando novas oportunidades nas gravadoras que estavam sequiosas em investir nas bandas promissoras, pois haviam testemunhado níveis nunca antes alcançados de lucratividade, com os Beatles. Quanto aos Stones, em contraposição aos Beatles, e que também estiveram no festival de Altamont, tiveram sua credibilidade bastante arranhada, na época, com os incidentes durante o seu show, que deixaram Mick Jagger sem ação diante de milhares de pessoas, impotente diante da violência que resultou em morte e envolveu a gangue de motociclistas dos "Hells Angels". Um jovem drogado havia derrubado a motocicleta Harley Davidson de um dos integrantes da gangue e acabou morto por isto, enquanto Mick Jagger se furtava de acalmar os ânimos exaltados.
Neste clima, os jovens já não acreditavam mais nem no governo, nem em seu país, nem nos líderes dos Estabilishment, cheios de dúvidas, medos e incertezas, como a guerra do Vietnan, que se prolongava e roubava cada vez mais vidas dos adolescentes convocados para lutar no conflito. Foi neste ambiente onde floresceu a contra-cultura que o "Grand Funk" pode tornar-se, com suas letras contestadoras, pacifistas e seu rock ao mesmo tempo rebelde, inovador, harmônico e agressivo para a época, uma fonte de identificação para aquela multidão de jovens desalentados.
Terry Knight, com sua visão política e abrangente dos fatos, providenciou para que Mark, Dom e Mel, estivessem no lugar certo, na hora certa, tocando e declarando o que deles os jovens esperavam, uma saída, um questionamento, uma luz de rebeldia, contra o matadouro do rebanho conformado, que era a guerra combinada a corrupção política. Foram feitas duas apresentações em lugares pequenos, para que Terry Knight pudesse afinar o som do grupo, acertar corretamente o tom da apresentação e então a partir daí, criou todo um estilo, na nova atitude de palco do grupo, agora também com novos e potentes amplificadores de qualidade. Desta forma o Grand Funk fez sua estréia oficial, em 4 de julho de 1969, no Atlanta Pop Festival, tocando para 180 mil pessoas, de graça, de favor, mas se destacaram e culminaram por roubar o show de grupos participantes mais conhecidos. Da noite para o dia se tornaram os preferidos da nova geração, os campeões americanos do rock pesado da época.
A crítica, conservadora, é unânime em massacrar o Grand Funk Railroad, "sua música nem chega perto da perfeição de sua imagem", disse Michael Oldfield, da Melody Maker. "Todos são ruins demais, mas o pior de todos é Don Brewer, cuja técnica de bateria é simplesmente pavorosa". Mas era moda estraçalhar os pretendentes a grandes bandas e sob a orientação de Terry Knight o Grand Funk vai assimilando as críticas, se aperfeiçoando dia a dia e se torna realmente um fenômeno de vendas e público, a revelia da crítica, acostumada a baladas bem comportadas.
Da estréia do Grand Funk, em 69, eles só conhecem o sucesso avassalador e críticas cada vez mais ferozes. Não se importam pois sob a orientação de Terry Knight, evitam contato com a imprensa, comprando a briga, fazem declarações como esta, "Os jovens nos aclamaram, mas os críticos nos detestam, afinal, quem não entende de rock são os críticos, eles odeiam o Grand Funk porque criamos algo novo na cultura e somos apenas, três rostos anônimos, iguais a tantos outros nesta multidão revolucionária de jovens.", Tom Brewer chegou a declarar que "Nosso sucesso aconteceu tão rápido, que os críticos nos sentiram empurrados por suas goelas e sabemos que seu maior orgulho e desejo é serem considerados justamente por descobrir e predizer novos talentos para o público, jamais o contrário..."
Por cima das pichações da crítica e cercados por uma barreira de som, pesada como concreto, o "Grand Funk" foi batendo todos os records, com discos de ouro e de platina a cada LP de vinil lançado. Em 71, conquistam seu troféu mais precioso, batem os "Beatles", vendendo a lotação completa do Shea Stadium de New York (12 mil lugares) em apenas 72 horas. Mel Schacher, em contraponto a fase psicodélica dos Beatles, na oportunidade diz, "Somos radicalmente contra todas as drogas e eu sei que muita gente pensa que só tocamos se as usarmos, mas a única coisa que usamos é a nossa própria energia e a vibração de estar no palco diante de tantas pessoas, por isso não queremos nem precisamos de mais nada além de nossa própria adrenalina."
Em 1971, o "Grand Funk" de Knight chega ao seu auge, seus rostos estão pintados num gigantesco out-door sobre a Times Square, as rádios ainda não tocam seus discos e os jornais os ignoram, no entanto, continuam vendendo discos e lotando todos os shows nos estádios. Já no início de 1972, Knight descobre que John Eastman, advogado e cunhado de Paul McCartney era o novo administrador da conta do trio e que a sua sociedade com a banda Grand Funk Railroad Enterprises, fora dissolvida por seus abusos nas finanças do grupo tres meses antes de findar o seu contrato.
Dois anos depois, Mark Farmer comentaria: "Ele sempre foi nosso líder, e estivemos sob as suas asas de proteção, mas ele também nos traiu nas finanças e por culpa dele mesmo a fonte secou, o Grand Funk não está mais com Terry Knight, então, convide-o para o palco e veja o que ele faz e depois ponha a gente no mesmo palco e veja o que realizaremos." Batalhas legais se arrastaram por mais de dois anos, enquanto o mundo do rock aguardava ansioso, todos se perguntavam se o "Grand Funk" sobreviveria só com sua música, alijados do cérebro de Terry Knight.
O primeiro álbum sem a direção de Terry Knight se chama, a propósito, Phoenix, o pássaro que renasce das cinzas e é um disco com uma queda para o instrumental, com a novidade da volta de um velho integrante dos tempos do "Pack" nos teclados, Craig Frost. "Phoenix" não foi o album para cima, que nossos fãs esperavam, mas foi exatamente como nos sentiamos na época, abalados com os acontecimentos. Quando "Phoenix" saiu, muitos de nossos fãs devem até ter se assustado", disse Don Brewer. "Não era exatamente o som do "Grand Funk" ao qual todos estavam acostumados, mas era ainda mais sofisticado e mais instrumental. Ficamos muito ansiosos em saber como nossos fãs o aceitariam." Mas a leal geração de fãs do Grand Funk estranhou de início, mas acabou por ficar com eles e o album Phoenix demorou um pouco mais que os outros, mas também ganhou igualmente o seu disco de ouro. Era muito avançado para a época.
É com o próximo LP, We're An American Band, produzido por Tod Rundgreen e com um tino mais para o pop e para o comercial, especialmente elaborado para tocar em todas as rádios, que eles finalmente obtém a aceitação de todos os públicos, com boa aceitação da crítica, afinal, retrocedem uma década fazendo um rock mais simplório e abandonando o rumo de evolução do seu estilo pesado e instrumental original idealizado por Terry Knight, juntamente a contra-cultura que já dava seus sinais de cansaço com o início da afetada era "Disco" e então entram em sua curva de decadência como grupo de rock.
Mark, Don e Mel desenvolveram sua música com a experiência e visão de Terry Knight, mas logo depois aprenderiam que um grupo para permanecer, tem que manter seu estilo e personalidade marcantes, trajetória exigida para um grupo consagrar-se um clássico. Com Terry adquiriram estes traços tornando-se os heróis da contra-cultura dos anos 70. E sem ele, passaram a apregoar ingenuamente: "Nós somos uma banda Americana", tal qual Elvis Presley quando deixa seu espírito rebelde ser domado pelo seu empresário, Coronel Tom Parker e pela ideologia do exército americano. Apesar disso, entram de cabeça no ramo mais organizado do show business e fazem sua excursão mais bem produzida, com filmes em retroprojeção, canhões de luz, spot-lights compondo a bandeira Americana, chuvas de chapéus do tio Sam, puxando o saco como para compensar os anos rebeldes. Nas letras burguesas e vendidas e ainda fora delas, nas entrevistas, eles louvam o sabor rascante do bourbom, o whisque americano.
Mais comerciais e mais americanos, não são mais os jovens contestadores, nem muito menos "Três rostos anônimos na multidão", mas agora estrelas do ramo do show business americano e com seu novo empresário, Andy Cavaliere, a estrada de ferro "Grand Funk" volta a seus trilhos de ouro e platina, agora com milhões de dólares e de público, seus críticos, ainda menos jovens e tanto mais conservadores, agora aplaudem esta fase do grupo e passam a apreciar sua habilidade com o balanço do velho rock, que ainda conseguem.
Segundo a Melody Maker, Terry Knight teria comentado, no fim das batalhas judiciais, que acabaram empatadas para cada lado, condenados a pagar multas equivalentes um ao outro, "Eles foram tolos! Poderiam ter sido clássicos, eternos, como o estilo de Elvis, antes do coronel Tom Parker, mas não quiseram, cismaram em ser sérios e importantes homens de negócio, transformando a banda numa empresa, ao invés de serem apenas artistas e músicos e aperfeiçoar seu trabalho, por isso puseram tudo que tinhamos a perder." Religioso, o novo líder do "Grand Funk", Mark Farner, o fazendeiro rock, agora com cabelos curtinhos, estilo anos 50, rebate, " A nossa base é a fé, nos acreditamos em Deus, que nos sustentou esse tempo todo, e onde nos vamos sempre nos apoiar."
Fonte: revista "Rock, a história e a glória" de 1975. Brasil
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